segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ex

Logo percebi em seu pescoço uma cicatriz. Parecia grande, pois pegava toda parte dianteira do pescoço, imaginei logo uns 15cm por uns 10cm. Ia perguntar o que acontecera. Mas fiquei sem saber se deveria ou não. É educado perguntar à pessoa na primeira vez em que a vê sobre um “defeito”? Deixei passar, haverá de ter uma oportunidade, talvez ela própria acabe sentindo necessidade de falar sobre.
Como um segredo mortal, algo incontável, como se fosse um pecado, ela nunca falava sobre aquilo. Mas haveria um dia de isso se realizar. Mas nunca chegava, não íamos a lugar nenhum público como piscina, praia, etc.
Mas não deixou de me amar. E desejava se entregar a mim. Percebia sua luta interna, entre realizar seu desejo sexual comigo e esconder algo que parecia considerar como sendo só dela, era como expor algo que pertencesse a ela somente, como um órgão interno. Foi tudo tão rápido, tão intenso, tão mal explicado. Mas o amor ainda prevaleceu. Ela superou seu estigma, e me entregou seu segredo. Despi-a. E revelou-me algo que nunca tinha visto. Seu corpo era todo “cicatrizado” como se tivesse sofrido um banho de água fervendo. Mostrava-se todo enrugado. Só as mãos, a parte final dos braços, a perna do joelho para baixo e o rosto não eram “cicatrizados”. Não tive coragem de perguntar o que ocorrera. Imaginei um acidente com fogo, com água quente. Mas me parecia que fora mesmo uma doença, talvez hereditária. Uma estranha pele nova e enrugada. Beijei-a nos ombros ásperos. Encostamos nossos corpos. Parecia que abraçava uma árvore cascuda. Os seios eram pequenos e feios, os biquinhos quase não se viam no meio de tantas “rugas”. Beijei-os delicadamente. O umbigo quase não se percebia. A barriga era reta e crespa. As costas, também. As nádegas estranhamente amassadas. Coxas eram finas. Fizemos amor. Não perguntei o que era a causa. Ela sorriu quando despedimos.
Nossa história em comum chegou a fim logo depois.

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